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Servidores frustrados com a reforma da Previdência prometem levar a batalha à Justiça Postado em 09/05/2017 por Sindicato dos Policiais Federais às 17:21

Nas últimas semanas, era comum ver lobistas vinculados a sindicatos transitando pela comissão especial e pelos corredores da Câmara. Eram policiais, analistas da Receita Federal, juízes, promotores, metalúrgicos, agentes penitenciários, trabalhadores rurais, dentre outros. De todos, os únicos que tiveram seu pleito atendido foram os policiais legislativos da Câmara e do Senado. Com livre acesso aos parlamentares, eles conseguiram ser enquadrados na categoria de servidores da segurança pública e, por isso, poderão se aposentar aos 55 anos de idade junto com policiais federais e civis – algo que os agentes penitenciários não conseguiram, apesar das promessas de deputados governistas. A regra geral aprovada no relatório de Arthur Maia (PPS-BA) é que as aposentadorias, como na regra geral, só poderão ocorrer aos 65 anos para os homens e aos 62 para as mulheres. Os parlamentares também tem regra especial de transição, assim como os professores. Os militares ficaram fora da reforma e o Governo promete mandar um projeto específico para o público, depois.
Demandas e bloqueios

Entre a primeira versão do projeto apresentado pelo Governo Michel Temer, em dezembro passado, e a última, aprovada na quarta-feira, dia 3, houve mudanças pontuais que desagradaram vários setores por entenderem que elas não contemplavam a maior parte das queixas. Um dos pontos de discórdia é a regra de transição, que p deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP), fundador da Força Sindical, disse que era “impossível entender”. Em síntese, a regra prevê que os trabalhadores que quiserem se aposentar antes dos 65 anos poderão fazê-lo, desde que paguem um pedágio de 30% sobre o tempo que falta para se aposentar. Por exemplo, se um homem contribuiu por 26 anos e deseja se aposentar, ele precisará trabalhar 30% do tempo que falta na nova regra para consegui-lo: três anos ou 30% dos 9 anos faltantes para atingir os 35 anos de contribuição (como previsto na regra geral). Assim, ele terá a aposentadoria com 29 anos de contribuição. A idade mínima para aderir a essa regra é de 53 anos para mulheres e de 55 para os homens.

A regra atinge os servidores públicos que ingressaram na carreira antes de 2003, quando houve a reforma da Previdência no Governo Lula, e há protestos. “Já estamos passando por uma regra de transição. Não se pode, de uma hora para outra, alterar essa regra e nos impor outra, com perda de direitos. É inconstitucional”, alertou o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho. Graduado em economia, Robalinho também diz que o Governo usa uma razão equivocada para tocar sua reforma previdenciária, a economicista. “Esse tipo de lógica meramente financeira vai gerar um prejuízo enorme. Previdência não é só fazer contas, não é só dinheiro”, afirmou o procurador.

Outro consenso entre as entidades é que as negociações se iniciaram de uma maneira muito dura para o trabalhador e, se boa parte do texto da PEC 287/2016 não for alterada, a tendência é que ela não seja aprovada. “O Governo começou com a mão muito pesada e sem compreensão com muitas situações. Acharam que só reduzir a idade mínima bastaria. Mas não”, afirmou Boudens, da Fenapef. Para aprovar a proposta na Câmara são necessários os votos de três quintos dos deputados federais, ou seja, 308 votos dos 512 possíveis – o presidente da Câmara não vota. A bancada governista, que ainda faz as contas do que conta de apoio, ainda não bateu o martelo para a data da votação nas próximas semanas.
AGENTES PENITENCIÁRIOS PROMETEM RADICALIZAR

Em dois dias seguidos cerca de 500 agentes penitenciários promoveram duros protestos em Brasília. Na terça-feira passada, invadiram a sede do Ministério da Justiça. No dia seguinte, um número menor furou o bloqueio da segurança da Câmara e pressionou os deputados federais que participavam da sessão da Comissão Especial da Reforma da Previdência. Com dedo em riste, eles cobravam o cumprimento de um acordo feito com os políticos de que a categoria teria direito a se aposentar aos 55 anos de idade, assim como policiais (civis, federais e legislativos). De última hora, a emenda foi retirada do projeto, o que revoltou os agentes.

Quando souberam das mudanças, os agentes tentaram entrar na Câmara, mas todos acessos estavam bloqueados. Em menos de três minutos, conseguiram arrebentar um portão do anexo 2 e seguiram para a sala da comissão. “Existia uma grade no Congresso, que para os agentes do cárcere, como nós, é apenas uma cortina de aço. Ela precisava ser rompida e para nós isso é muito fácil. Se invadimos uma galeria de um presídio rebelada, o Congresso é moleza”, afirmou o sindicalista Antônio Dórea, que é agente penitenciário no Rio de Janeiro.

A revolta cresceu quando confirmaram que os policiais legislativos conseguiram os benefícios que os agentes também pleiteavam. “Esses policiais não atuam na segurança pública como nós. Nossa única semelhança é que eles cuidam de bandidos, como nós. Mas os deles usam terno e tem ar condicionado”, disse o sindicalista.

Nesta semana, novas conversas estão agendadas com deputados que atuam na área de segurança pública. Se os diálogos não progredirem, os agentes prometem endurecer os protestos. “Quando forem votar essa reforma, terão de sitiar Brasília com o Exército. Caso contrário, vamos ocupar todo o Congresso”, afirmou Dórea.


FONTE: El País

http://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/06/politica/1494077979_872281.html?id_externo_rsoc=whatsapp














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