Texto para reflexão.
A atual greve da PF completa seus 60 dias, e chega o momento de refletir sobre seu contexto e sobre seus personagens. Atualmente todos os servidores, independente dos cargos que ocupam, concluem que é necessário diminuir as diferenças, buscar a valorização de todos, e aprimorar os modelos de gestão e investigação do órgão.
Mas se o entendimento parece ser comum e as limitações políticas são tão óbvias, por que é tão difícil negociar durante a greve da PF?
O movimento paredista em curso se mostra genuíno e espontâneo, pois é construído pela base dos policiais agentes, escrivães e papiloscopistas. Esta legitimidade é única, e demonstra ao Governo Federal que não houve um direcionamento político dos grevistas.
A falta de um planejamento nacional tornou a greve imprevisível, mas a angústia alimentou os protestos, que surpreenderam até os sindicalistas. E numa endêmica desmotivação já atestada pelo próprio órgão, várias manifestações tiveram considerável carga emotiva, em desabafos e pedidos de apelo de servidores que hoje se sentem desprestigiados dentro da PF.
Mas esta crise revela uma oportunidade de evolução, e neste ambiente já saturado surge nas lideranças a responsabilidade de dialogar e negociar uma estratégia para resgatar o orgulho profissional de milhares de policiais federais.
Porém, de repente, parece que a famosa “rádio corredor” se sobressai perante as negociações oficiais. Um clima de incerteza toma conta, e circunstâncias secundárias ou pontuais alcançam uma relevância maligna, como se existissem vencedores ou perdedores num processo tão complexo de evolução institucional.
E que façamos uma autorreflexão. As melhores chances são dos pessimistas, pois destruir é muito mais fácil do que construir. Sem dúvida, estamos num momento único para que as corretas decisões sejam tomadas. E como diria o nazista Goebbels, que levou seu povo para uma das maiores tragédias da humanidade: “Para convencer o povo a entrar na guerra, basta fazê-lo acreditar que está sendo atacado.”.