Policiais federais lotados em Roraima contestaram as declarações do delegado Alexandre Silva Saraiva, superintendente regional da Polícia Federal no estado, sobre o pagamento de diárias para servidores em missão. As explicações do superintendente foram publicadas pela “Folha de Boa Vista”, no último dia 9 de outubro, depois da divulgação de denúncias anônimas encaminhadas ao jornal, sobre suposta “farra de diárias” que estaria ocorrendo na superintendência do órgão.

De acordo com fontes ouvidas pela Agência Fenapef, a informação de que a Delegacia da PF em Pacaraima (localizada na divisa do Brasil com a Venezuela, a 214 km de Boa Vista) conta, proporcionalmente, com mais policiais que a unidade da PF na Capital, foi uma tentativa do superintendente de "justificar o injustificável".

De acordo as informações repassadas à Fenapef, o superintendente designou três policiais no Setor de Logística (Selog), um no Setor de Recursos Humanos (SRH), um no Setor de Licitações e outros dois na assessoria de seu gabinete. Ao todo, sete policiais federais foram desviados da atividade policial, para serviços administrativos.

Há poucos dias, outro policial, que era lotado na Delegacia de Repressão a Entorpecente (DRE), também foi realocado no setor de passaportes, da Delegacia de Polícia de Imigração (Delemig). A medida teria sido tomada pelo superintendente em retaliação à greve.

Um policial ouvido pela Fenapef, que preferiu não se identificar, alegando receio de sofrer represálias, desmentiu a versão do superintendente, de que os policiais lotados em Pacaraima, que viajam a serviço para Boa Vista, recebem apenas o valor corresponde à meia-diária, porque teriam alojamento oferecido pela Administração. “Nenhum deles está em alojamento e não existe qualquer documento oficial que comprove este fato”, afirmou.

Ao jogar a culpa na greve pelo mau funcionamento de qualquer setor da Delegacia da PF em Pacaraima, o delegado estaria tentando esconder a realidade do efetivo no estado. "Ele simplesmente implodiu a delegacia, tirando de lá permanentemente o delegado que chefiava a unidade e mais quatro escrivães. Além disso, mantém trabalhando em Boa Vista 10 agentes federais, que são lotados em Pacaraima", comentou outro agente da PF em Roraima.

De acordo com a reportagem, o superintendente também afirmou que “não falta dinheiro para as diárias”, mas na prática esta situação também não é confirmada. Atualmente, no Posto Avançado da PF em Bonfim apenas dois policiais federais e um servidor administrativo se revezam em missão na cidade, a cada semana. Enquanto isso, três policiais federais de Roraima se encontram em missão no Rio de Janeiro, um deles há mais de quatro meses, desde antes da Conferência Rio+20, realizada em junho.

Fonte: Agência Fenapef