A greve dos policiais federais de 2012 é a maior na história do movimento sindical no Departamento de Polícia Federal tanto do ponto de vista de sua duração, quanto da participação. A justa mobilização protagonizada por escrivães, papiloscopistas e agentes federais colocou na agenda do governo a necessidade de mudança em nossa carreira, em nossa tabela de vencimentos e no próprio modelo de segurança pública do país marcado pela burocracia e pela falta de eficiência.
No dia 7 de agosto a Federação Nacional dos Policiais Federais e seus 27 sindicatos filiados deflagraram um movimento que, com o passar dos dias, foi ganhando corpo. Nossa bandeira: reestruturação de carreira e reestruturação da tabela salarial que por mais de 900 dias discutimos com o governo. Delegacias, superintendências, unidades nas mais distantes fronteiras, aeroportos, portos, pontos turísticos foram ocupados pelo brado dos policiais federais em busca de JUSTIÇA dentro do DPF.
Um grito por reconhecimento, por uma carreira digna, por uma segurança de qualidade, por uma Polícia Federal sem donos, sem a opressão alimentada por PAD´s descabidos e sem a praga das portarias e instruções normativas inventadas para a autopromoção de uma só categoria.
Nosso movimento cresceu e com ele cresceu a busca, por parte dos gestores do DPF e órgãos governamentais, de instrumentos para neutralizá-lo. Ações judiciais, ameaças de delegados comprometidos em manter a ineficiência reinante proliferaram. Mas tudo isso serviu de combustível para nosso movimento.
Nos proibiram de denunciar a precária situação da segurança nos aeroportos, então fomos para as ruas. Cortaram nosso ponto e fomos buscar forças e apoio nos verdadeiros colegas para continuar a luta. Por meio da justiça, definiram que muitos de nós não podiam prosseguir com o movimento, mas prosseguimos com o número de policiais que a decisão judicial proferida pelo STJ permitia, afinal de contas somos GUERREIROS.
Agora, como em uma operação das tantas que já fomos protagonistas, nossa greve chega a uma outra fase. A maioria dos sindicatos, reunidos de norte a sul do Brasil, decidiram que a “Operação SOS Polícia Federal” vai continuar nas ruas, mas também irá para dentro de nossas unidades de trabalho.
Assim como cada policial federal disse sim à greve, agora, nas assembleias regionais, decidem por avançar para outra fase. Uma fase em que cada um e cada uma terá que fazer sua guerra pessoal. Postura e legalidade ao extremo balizarão as relações internas.
Ao passar de fase, não estamos encerrando a luta, estamos só mudando de trincheira. Vamos continuar unidos e focados com a certeza de que as reestruturações virão e a Polícia Federal vai mudar para atender mais os interesses da sociedade e menos daqueles que insistem em alimentar uma estrutura anacrônica e voltada para o atendimento de seus interesses corporativistas.
Seguiremos em frente. Vamos manter nossa mensagem nas ruas, vamos negociar e junto com os sindicatos e com o Grupo de Trabalho da Reestruturação continuar a obra iniciada por todos nós.
Nossa greve conseguiu forjar amizades. Conseguiu forjar um espírito de corpo que muitos acreditavam estar desaparecendo. E o mais importante, conseguiu que a Polícia Federal a partir de hoje nunca mais volte a ser a mesma.
Marcos Wink é presidente da Fenapef
Fonte: Agência Fenapef