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Mais de 70% dos policiais federais estão em luta por um novo modelo de polícia Postado em 07/08/2012 por SINPEFRN às 00:00

Depois de um passado marcado pelo jugo da ditadura militar, o Brasil tem percorrido um longo processo de redemocratização. Atualmente, entretanto, verifica-se que o Estado ainda peca na prestação de serviços públicos de qualidade e que atendam aos anseios e necessidades de grande parte da população.

No campo da segurança pública, a sociedade segue corretamente exigindo acesso a informação, otimização de recursos públicos e aumento da efetividade dos órgãos policiais, cuja atuação é hoje norteada pelo respeito ao cidadão. 

No caso da Polícia Federal, as diversas operações de combate ao crime organizado têm conseguido atingir personagens até então inalcançáveis. Políticos e funcionários públicos corruptos, grandes traficantes e banqueiros, repentinamente, se viram atingidos pelo braço da lei.

Analisando documentos, colhendo digitais, efetuando análises financeiras, realizando vigilâncias eletrônicas e telemáticas e, principalmente, organizando e tratando essas informações em um novo patamar de qualidade, passou a ser possível identificar crimes e criminosos de alto escalão, bem como o destino de ocultação do produto de sua ação criminosa. O resultado disso tudo todos conhecem.

No entanto, apesar de tais investigações serem desempenhadas essencialmente por agentes, papiloscopistas, escrivães e delegados, somente estes últimos colhem o louro das sucessivas vitórias, bem como o reconhecimento do Governo. Talvez isto se coadune com uma polícia criada no contexto da ditadura militar, com vistas a reprimir quem buscasse a volta da democracia, num sistema em que poucos se beneficiariam da obediência de muitos, em silêncio e sem questionamentos. Nesses idos, afinal, a quem interessariam policiais que refletissem sobre o que faziam? 

Felizmente os tempos mudaram e o recrutamento na Polícia Federal passou a exigir formação superior. Entretanto, seu modelo de gestão  continuou o mesmo. O Brasil mudou, mas a PF não. Ignorando a qualificação de seu efetivo e perpetuando a excessiva centralização do controle do órgão nas mãos dos delegados, a instituição acabou atingindo um limite desastroso na utilização da maior parte de seu potencial humano.

De fato, o modelo atual da PF restringe à casta dos delegados o acesso a cursos no exterior, o reconhecimento público, a remuneração de nível superior e o acesso às chefias, inclusive em setores que demandariam formação técnica especializada, como tecnologia da informação, logística e outros.

Por outro lado, cerca de 70% do efetivo dos policiais federais, cumpridores de tarefas sofisticadas e desafiadoras e em exposição diuturna a incontáveis riscos, sentem-se completamente excluídos das vitórias obtidas pelo órgão. Além disso, com o atual modelo de centralização exacerbada, o desenvolvimento das investigações torna-se engessado e muitas vezes os inquéritos fracassam na identificação dos perpetradores dos crimes. Tornam-se investigações de papel, em que o resultado é somente um dado estatístico e não prisões feitas e quadrilhas desbaratadas.

É preciso mudar este quadro!

Mais do que valorizar o conjunto dos servidores da Polícia Federal, precisamos de uma instituição que aproveite e estimule seu material humano, para combater adequadamente o crime organizado e otimizar os recursos públicos investidos.

Se o governo federal vem esquecendo a história recente e utilizando cada vez mais as Forças Armadas brasileiras para o trabalho em segurança pública, precisamos superar essa tendência com a construção de uma polícia democrática, cidadã, competente, e independente, que possa desempenhar seu papel constitucional com legitimidade. Dentro e fora da instituição. 

Reestruturação já!

Comando de Greve – Sinpef/MG 

Fonte: Sinpef/MG

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