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Física, Matemática e algoritmos no combate ao crime organizado Postado em 09/06/2017 por Sindicato dos Policiais Federais às 10:29

“Todo relacionamento entre pessoas, cidades ou qualquer ente abstrato pode ser tratado matematicamente”. É o que afirma o agente da Polícia Federal, Bruno Cunha. Em seu doutorado, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – (UFRGS), o agente federal desenvolveu um estudo que relaciona a Física, a Matemática e os algoritmos no combate ao crime organizado. Seu trabalho, que ainda será publicado, já tem sido aplicado à operação “Darknet” – deflagrada recentemente pela PF no Rio Grande do Sul para combater uma rede de distribuição de pornografia infantil na internet.

Em sua tese, o agente federal defende que, nas investigações, o mais eficiente é focar em pessoas que fazem a conexão entre grandes grupos, chamados “laços fracos”. Esse ponto focal nem sempre é o mais conectado ou o que tem maior poder de decisão em uma organização social. Esse indivíduo, com menor poder de decisão, tem grande habilidade de conectar pessoas e grupos. “Muitas vezes o criminoso que faz a ligação entre aglomerados de pessoas é considerado menos importante por não ser o líder de uma organização criminosa. É um pouco diferente do que estamos acostumados. Ultimamente o foco tem sido o líder, como por exemplo, um Fernandinho Beira Mar”, argumenta Bruno.

Matematicamente, o estudo prova que a distribuição estatística dos relacionamentos entre os participantes de uma organização social pode determinar a sua força ou fragilidade – o que as tornam particularmente fortes a ataques aleatórios e frágeis a ataques dirigidos aos indivíduos chave. “A física entra exatamente nesse ponto, ao identificar de maneira algorítmica os indivíduos mais importantes em uma estrutura de rede criminal. Para tanto utilizam-se métodos típicos da física estatística, da matemática aplicada e da teoria de redes”, explica.

Para comprovar sua tese, o agente federal cita como exemplo a Operação Lava Jato – onde tudo começou com a prisão de doleiros e não de grandes líderes políticos ou empresários. “Os pontos de comunicação na verdade são as colas que unem pessoas que não aparecem tanto, mas que são os que fazem com que as organizações criminosas se fortaleçam do ponto de vista matemático”, garante o doutorando. Bruno afirma ainda que esse tipo de conclusão deveria entrar no nível gerencial como uma proposta de combate ao crime e passar a ser usado não apenas pela Polícia Federal, mas por todos os órgãos que atuam na segurança pública.

Para compor seu estudo, Bruno se baseou em bibliografias como o artigo “Fast Fragmentation of Networks Using Module – Based Attacks” publicado no Plos One e o artigo “Performance of attack strategies on modular networks” publicado no Cornel University Library.



FONTE: Agência Fenapef

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