“Estruturas de Estado precisam de treinamento para prevenir e investigar crimes, como os associados ao “Baleia Azul'”, afirma Boudens
A necessidade de adotar estratégias de valorização ao trabalho preventivo das polícias brasileiras também foi apontada pelo presidente da Fenapef como solução para evitar crimes na internet. “O trabalho preventivo é importantíssimo. Por isso, na Fenapef, estamos discutindo projetos que tratam do ciclo completo de polícia, com a finalidade de entrelaçar o trabalho investigativo com o trabalho preventivo, ao ponto de não se perder informações importantes na resolução dos crimes”, pontuou.
Suicídios na PF
Boudens aproveitou a ocasião para chamar atenção dos parlamentares sobre o alarmante número de suicídios na Polícia Federal. Para ele, o novo jogo virtual revela que as polícias não têm capacitação para combater crimes ligados às doenças psicossomáticas, inclusive quando essas atingem suas famílias e vidas de pessoais. “Somos uma das instituições que se propõe a evitar o suicídio nessas investigações, mas sem perder de vista o que acontece dentro da nossa própria instituição. Na polícia Federal, nos últimos seis anos, tivemos 29 mortes por suicídio. Como cuidar de uma questão que, institucionalmente, somos vítimas? Se de um lado nós estamos nos propondo a cuidar, nós também estamos pedindo ajuda”, alarmou.
O jogo surgiu, supostamente, em redes sociais russas e propõe desafios que induzem o jogador a passar por fases que envolvem, desde o isolamento social à automutilação. A comunicação é feita em comunidades fechadas e instiga os participantes a cumprirem as etapas propostas pelos criadores do jogo até tirarem suas próprias vidas.
A representante da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS) e psicóloga, Fernanda Benquerer, que esteve presente na comissão, deu dicas para prevenção ao suicídio:
• Tratamento adequado dos transtornos mentais que levam ao suicídio;
• Restringir acesso a métodos potencialmente perigosos;
• Capacitar membros da sociedade para identificação e abordagem a pessoa em risco;
• Fortalecer fatores de proteção: vínculos sociais, habilidades de resolução de problemas, autoestima dos adolescentes, expressão emocional;
• Abrir espaço para conversar sobre o assunto sem julgamento;
• Ouvir atentamente;
• Demonstrar empatia;
• Respeito pelos valores e opiniões da pessoa;
• Não julgar, não doutrinar, não minimizar as queixas;
• Identificar serviços que possam como o Centro de Valorização da Vida, serviços de saúde mental e SAMU.
Participaram do debate também as psicólogas, Elisabete Comparini e Marisa Lobo; o diretor de relações institucionais do Google, Marcelo Lacerda; o diretor de relações institucionais do Facebook, Murillo Laranjeira; e o presidente do Comitê Gestor da Internet do Brasil, Demi Getschko.
FONTE: Agência Fenapef