Policiais federais em greve fizeram na tarde desta quarta-feira uma manifestação em frente à sede da corporação, do bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo. Durante o protesto, que reuniu cerca de 100 manifestantes, os grevistas levaram um piano para simbolizar o peso que a categoria carrega e, com isso, pedir a valorização da carreira.
"Carregar o piano é o que a gente faz no dia a dia. Nós fazemos a investigação no campo, a análise e interceptação de telefones, a coleta de provas e pegamos os vagabundos na rua. Somos a base de qualquer investigação da Polícia Federal", enfatizou Alexandre Santana Sally, presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal em São Paulo (Sindpolf-SP).
De acordo com Sally, a base da categoria, representada pelos agentes, escrivães e papiloscopistas, embora tenha nível superior, recebe salário de nível médio. "Queremos a reestruturação da carreira, que é diferente e também, óbvio, implica em uma alteração salarial".
O presidente declarou que a categoria não aceita o ajuste salarial oferecido pelo governo federal de 15,8%.
O movimento grevista
Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais cresceram no mês de agosto. Pelo menos 25 categorias entraram em greve, tendo o aumento salarial como uma das principais reinvindicações. O Ministério do Planejamento estima que a paralisação tenha envolvido cerca de 80 mil servidores. Em contrapartida, os sindicatos calculam que 350 mil funcionários aderiram ao movimento.
A greve afetou servidores da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita Federal, dos ministérios da Saúde, do Planejamento, das Relações Exteriores, do Meio Ambiente e da Justiça, entre outros. O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) informou que dez agências reguladoras aderiram ao movimento.
Desde março, quando foi iniciado o processo de negociação salarial, foram realizadas mais de 200 reuniões para discutir reajustes, com mais de 31 entidades sindicais. Após apresentar proposta de aumento de 15,8%, dividido em três anos, o governo encerrou no dia 26 de agosto as negociações com os servidores. O prazo limite para envio do orçamento ao Congresso Nacional, com a previsão de gastos com a folha de pagamento dos servidores em 2013, é 31 de agosto.
Fonte: Terra