notícias

Choque de gestão à moda DPF Postado em 06/11/2012 por SINPEFRN às 00:00

“Estamos fazendo algumas mudanças, mas queremos deixar claro que não tem nada a ver com a greve.” É esta a frase que inaugura as reuniões de setor nas últimas semanas na Delegacia da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, a maior do País. A cantilena é reiteradamente repetida com o objetivo de dar um ar de normalidade às atitudes dos gestores locais. Mas quem, afinal de contas, disse que tinha a ver com a  greve?

É em Foz do Iguaçu que fica localizada a Ponte Internacional da Amizade (P.I.A.), palco histórico das maiores mobilizações e protestos de escrivães, agentes e papiloscopistas (EPA´s) pela melhoria da carreira policial. Na última greve não foi diferente!

Mas a P.I.A., não é somente conhecida pelas greves, por ser sinônimo do turismo de compras e pelos incontáveis flagrantes policiais. Ela é famosa também, pela falta de estrutura para o trabalho policial e, localmente, como “geladeira” ou “castigo” para os servidores que, segundo a visão da chefia, “não jogam no time dela”. Pois bem: a geladeira está lotada.

Com a desculpa de melhorar o andamento do posto, policiais, que por simples coincidência fizeram greve, foram retirados de seus setores originais e realocados na ponte. Mas como só transferir os policiais para o local não iria satisfazer as autoridades locais, foi criado uma espécie de castigo dentro da ''geladeira''.  Em todos os postos de imigração de Foz do Iguaçu, vigora a escala de plantão de 24 por 72 horas. 

Os policiais deslocados para a ponte, no entanto, trabalharão TODOS OS DIAS e ainda obedecerão a escala de sobreaviso da delegacia. A partir deste mês de novembro a escala traz o pessoal do “congelador” também tirando sobreaviso e em número superior de escalas dos demais setores da delegacia.  NUNCA quem trabalha na ponte foi submetido a tal jornada,  visto que o plantão no local se trata de um dos serviços mais penosos de todo o DPF.

Mas se engana quem pensa que as coisas param por aí. O posto sem as mínimas condições de trabalho, apesar de toda a luta do sindicato local; onde a viatura é uma sucata que os policiais sequer conseguem precisar o ano de fabricação porque não tem documento e onde as policiais mulheres  devem usar o banheiro do público em geral, agora vai ganhar uma câmera dentro da sala onde trabalham os EPA´s.

“Nenhuma outra sala de trabalho da delegacia tem monitoramento interno de imagem, aliás, sequer  presos das custódias devem sofrer tal invasão de privacidade”, diz o diretor de Seguridade Social da Fenapef, Naziazeno Florentino dos Santos.

Florentino revela que há pelo menos três anos os policiais e o sindicato local lutam pela instalação de câmeras na ponte para que a Polícia Federal possa monitorar e prevenir o “rapel” de mercadorias e outros crimes. A câmera nunca foi instalada. “Há pelo menos três anos o sindicato denuncia a má condição de trabalho no posto da P.I.A., mas agora no pós-greve, o investimento foi finalmente feito: câmera na ponte para monitorar os policiais, retrato da péssima gestão de material de nosso órgão e do abuso de poder dos gestores que se acham donos do sistema” diz o diretor.

A representante sindical local, Bibiana Orsi, coincidentemente está escalada na equipe que está na “geladeira”. “Apesar de tudo que está acontecendo não deixaremos de lutar pela reestruturação da carreira dos verdadeiros policiais, os EPA´s”.

Florentino, por sua vez, ressalta que Fenapef e SINPEF/PR acompanham a situação de perto. “Estamos acompanhando os desmandos praticados no local e em contato permanente com os colegas lotados em Foz e adotaremos as medidas necessárias em comum acordo com eles”. 

Fonte: Agência Fenapef

voltar