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Carta aberta aos analistas da Polícia Federal Postado em 10/09/2012 por SINPEFRN às 00:00

Primeiramente, como dita a boa regra de para um analista de inteligência policial, vou procurar ser o mais objetivo e conciso em minhas palavras.

Vivemos um momento histórico, um grande movimento de paralisação interno no DPF, parafraseando um eminente político brasileiro, como nunca antes na história desse país.

Diferentemente de outros movimentos já vivenciados dentro da Polícia Federal, este se destaca pela sua abrangência, magnitude e criatividade. É interessante ver como os policiais federais engajados na greve estão firmes e altivos, como nas grandes operações, mesmo com um iminente corte de ponto, ou uma possível perda do interstício, o que levaria a perda de uma progressão funcional, PORÉM, nada parece tirar o foco desta moçada.

Vou ser sincero. Estava meio para baixo com o rumo da greve, mas a moral que senti e presenciei de todos os colegas envolvidos neste movimento e, principalmente, as causas que nos levaram a esta paralisação, mudaram o meu ânimo, meu espírito, Obrigado!. Hoje me sinto o pequeno Davi contra o gigante Golias... Que venham as ameaças, a intransigência e até mesmo o corte do ponto, pois posso afirmar que uma significativa maioria de colegas não vai “arregar”.

Estou há 16 anos no DPF, sendo que destes 10 anos envolvidos com a análise, dentro do núcleo de inteligência policial da DRE-PA.  Sou daqueles que vibro com cada quilo tirado das ruas, cada prisão envolvendo corruptos e corruptores. Tive o privilégio de trabalhar com muita gente boa, inteligente e abnegada no DPF: colegas da DCINT (DIP), nas operações Canaã e Hurricane, da incrível DRE do Amazonas, inclusive nosso valoroso LOBO, da turma abnegada do SADIP (CGPRE), GISE-SP, entre outros.

E é exatamente a todos os analistas do DPF que gostaria de me dirigir neste momento, com palavras ISENTAS de ódio ou rancor.

O setor de inteligência, na minha visão, é a área mais sensível e estratégica do DPF. É desta área que são geradas as grandes operações policiais e alimentados os núcleos operacionais de todas as delegacias. Ainda assim, não foram reconhecidas e criadas as importantes chefias para os policiais que estão à frente destes núcleos.

O atual ministro da Justiça, em sua última conversa com o colega Wink, presidente da Fenapef, afirmou que os núcleos de inteligência estão em pleno funcionamento e que a moral do grupo começou a diminuir. Para ele seria um sinal de que o movimento estaria enfraquecendo.

Quanto ao primeiro ponto desta conversa, infelizmente, é uma meia verdade, pois alguns núcleos de inteligência ainda estão funcionando em nosso país. No caso do Pará, ainda que parcialmente, o núcleo de inteligência da DRE é o único setor da superintendência em atividade.

Quanto ao segundo ponto, o ministro parece estar acompanhando de fato o movimento, pois o que se vê é exatamente o contrário: estamos ficando mais fortes.

Voltando aos analistas, principalmente, àqueles que continuam trabalhando, gostaria de dizer que, diferentemente, do que muitos acham, entendo os motivos que os levam a continuar trabalhando! Sei que não se trata de peleguismo, de bajular delta ou vender a alma por causa de diária.

Sei da importância do serviço e dos riscos de se parar uma operação de grande porte, mas neste momento o governo está utilizando a sua dedicação e empenho para sabotar o nosso movimento grevista. Lembre-se que o movimento é de todos nós. Se o movimento perde, todos também perderemos.

Quando o governo diz que a inteligência do DPF não parou, está dizendo que o setor mais importante do DPF está vivo e em pleno funcionamento. Apesar de reconhecer a importância do nosso trabalho, o governo insiste em não atender o nosso pleito, preferindo a imoralidade e indecência da trava salarial ao reconhecimento da nossa reestruturação.

Não acredito que teremos outra oportunidade para discutir este tema tão fundamental para a nossa dignidade funcional, de forma tão veemente como estamos fazendo agora. O projeto de lei de greve no serviço público está tramitando nos bastidores. Esta pode ser a nossa última grande greve.

Só vamos ser ouvidos se estivermos unidos. Só vamos ser respeitados, se nos dermos respeito. Por isso, peço a todos os colegas envolvidos com a atividade de inteligência que não se deixem ser usados como massa de manobra para por fim à paralisação. Ao contrário, unam-se ao movimento, ao nosso movimento. Acredito que com a adesão de todos os analistas, o movimento ganhará uma força hercúlea e um ânimo inabalável.

Tal pedido não é para ser entendido com uma forma de enfrentamento ao governo, ou tão pouco as nossas chefias mediatas, mas sim como meio de buscarmos um canal de negociação, realmente, aberto para ouvir e atender nossos justos pleitos.

Juntos somos fortes. Unidos seremos invencíveis!

J.U.M (*) é agente de Polícia Federal, classe especial, lotado no Núcleo de Análise da DRE/DRCOR/SR/DPF/PA.

PS: Preocupado com a própria segurança e de seus familiares, o autor pediu para que fosse identificado apenas pelas iniciais de seu nome, por se encontrar na ativa e ter participado de várias operações policiais sensíveis.

Fonte: Agência Fenapef

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