De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, publicada no dia 18 dezembro, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, teria comentado com interlocutores que ganhou “desafetos no mundo sindical após enfrentar os líderes grevistas da Polícia Federal, que hoje conduz as investigações”.
A matéria não identifica as pessoas que teriam ouvido o comentário do advogado-geral, nem a quais sindicalistas ele estaria se referindo. Citado em conversas interceptadas, durante a Operação Porto Seguro, Luís Adams teria atribuído também a setores do PT o desgaste provocado pela operação, depois que seu nome foi cogitado para assumir a Casa Civil.
Pela natureza o cargo que ocupa, é inacreditável que o advogado-geral da União não tenha conhecimento de como funciona as operações deflagradas pela Polícia Federal. Os dados obtidos através de investigações sigilosas ficam restritos aos policiais que delas participam.
A Operação Porto Seguro foi realizada pela superintendência da PF em São Paulo. Nenhum policial integrante das diretorias da Federação Nacional dos Policiais Federais ou de seus sindicatos filiados trabalhou na operação.
Ou os informantes do ministro estão muito mal informados ou pessoas de má fé estão querendo fazer uso político das investigações da PF, ao tentar relacionar a atuação de representantes sindicais da categoria com o trabalho institucional da PF.
No início de dezembro, o presidente da Fenapef, Marcos Wink, encaminhou ofício ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, repudiando o uso político da instituição e o vazamento seletivo de informações sobre investigações da PF.
Da mesma forma que a federação e seus sindicatos sempre defenderam a atuação firme, independente e republicana da PF, independente da condição dos investigados e de interesses políticos ou de governo, também respeitam as atribuições de todos os demais órgãos de Estado.
A ação judicial impetrada, em setembro, junto ao STJ, contra a Fenapef, que culminou em decisão impondo limites à greve de agentes, escrivães e papiloscopistas, foi baseada em informações do próprio diretor-geral do órgão, que em ofício juntado à petição elaborada pela AGU indicou os percentuais de servidores que entendia como imprescindíveis para a manutenção dos serviços essenciais durante a paralisação.
A assessoria jurídica da Fenapef não descarta a possibilidade de interpelar o advogado-geral da União sobre o teor de suas supostas declarações, divulgadas pelo jornal.
Fonte: Agência Fenapef