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Transferência de Marcola é 1º passo da estratégia de Moro contra facções Postado 20190214 por Sindicato dos Policiais Federais às 08:00

O ministro da Justiça, Sergio Moro, deu hoje seu primeiro grande passo no combate ao crime organizado com a transferência de líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital). Marcos Henrique Camacho, o Marcola, e mais 21 suspeitos de integrar o grupo foram removidos para presídios federais, por determinação da Justiça Estadual de São Paulo, após um pedido do Ministério Público.

Policiais que acompanham as operações citam necessidade de cautela com os efeitos esperados pela mudança, ainda que a enxerguem como positiva.

O pedido para a transferência foi feito em dezembro, ainda no governo anterior. O UOL já havia noticiado a remoção de integrantes da cúpula do PCC para presídios federais. No entanto, foi a gestão de Moro que criou condições para essa operação ter sucesso, com a criação se estruturas para integrar forças estaduais e federais.

Segundo fontes próximas a Moro ouvidas pelo UOL, é o primeiro ato concreto de um dos três pilares do discurso do ministro da Justiça: combater o crime organizado, o crime violento e a corrupção.

A transferência foi centralizada na Secretaria de Operações Integradas, criada pelo ministro exatamente para unir forças de segurança nos estados e na União. A ação de hoje contou com as polícias federal e estaduais de São Paulo, além das Forças Armadas.

Um assessor que conhece Moro há muitos anos lembrou que a transferência ocorre um dia depois da condenação do megatraficante El Chapo. “É uma indicação da importância mundial do combate ao tráfico e ao crime organizado”, disse ele ao UOL, sob a condição de anonimato.

Para ele, a transferência é “emblemática” por ser um “caso único na história” do país. “É uma da metas dele. Os presídios federais são mais resguardados contra comunicação. O PCC é a organização mais poderosa.”.
CORTE NA COMUNICAÇÃO

O presidente do Sindicato dos Policiais Federais, Flávio Werneck, diz que a ação está dentro da estratégia de Moro de combater a macrocriminalidade. “É enfraquecer o crime organizado, pois você deixa os criminosos sem contato direto com os subordinados durante 30 dias”, explicou ele.

Não se sabe se isso será suficiente para nocautear o PCC. “Pode haver subdivisão da organização. De qualquer forma, há o enfraquecimento.”

O presidente do IPLD (Instituto de Profissionais de Combate à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento ao Terrorismo), o policial civil Robinson Fernandes, concorda. “Vejo como uma tentativa positiva. Se vamos colher os bons frutos, só vamos saber com o tempo.”.

Fernandes lembrou que isolar os presos num regime disciplinar mais rígido é bom. O problema é se “eles contaminarem outros”. “Tem que tentar alguma coisa. Se fizermos o que sempre fizermos, vamos obter os mesmos resultados”, avaliou.

A reportagem procurou a assessoria do Ministério da Justiça, mas os assessores de Moro e o ministro preferiram não tratar do tema.

UOL


FONTE: AGÊNCIA FENAPEF

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