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Policiais de menos, problemas de mais Postado 20111214 por SINPEFRN às 00:00

A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados promoveu na última sexta-feira, 9, em Foz do Iguaçu (PR) o seminário “Defesa Nacional na Faixa de Fronteira. Coordenado pelo deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR), o evento contou com representantes da Fenapef, Sindireceita e SINPECPF. O diretor-geral da PF, Leandro Daiello foi convidado, mas não apareceu.

Mas, caso o diretor tivesse resolvido dar um pulo a Foz do Iguaçu, visitar a região e conversar com os policiais federais que estão na linha de frente contra o crime certamente não voltaria com uma boa impressão da situação vivida pelos colegas. São problemas e mais problemas que vêm se acumulando ao longo dos últimos anos e que não são resolvidos.

O seminário aconteceu na Câmara dos Vereadores da cidade com a presença do prefeito e do presidente daquela Casa. Não muito longe dali, na Ponte Internacional da Amizade (PIA), os problemas com a segurança da faixa de fronteira estão escancarados.

Uma multidão de sacoleiros de todos os tipos marcha em um vai e vem frenético nos dois sentidos da PIA. Para dar conta de controlar o fluxo, fiscalizar, fazer controle de imigração e combater o crime três policiais estão de plantão por turno de 24h.

Segundo levantamento da Fenapef, cerca de 60 mil pessoas atravessam a Ponte diariamente, a pé ou a bordo dos cerca de 20 mil veículos que passam pelo local todos os dias. Em um cálculo grosseiro cada policial federal teria que fiscalizar 20 mil pessoas por dia de forma a intimidar o contrabando e principalmente o tráfico de drogas e armas, uma missão impossível.

Mas mesmo assim, os três heróis que ficam na ponte, e que por vezes somem no meio da multidão, trabalham de forma ininterrupta na tentativa de fazer frente à avalanche de pessoas. No sábado, 10,  um único federal organizava a fiscalização em cima da ponte. Sem colete balístico, sem apoio, sem reconhecimento.

Os problemas na ponte não param por aí. Para “ajudar” os policiais, o DPF deslocou para o local 10 servidores terceirizados. Pessoas estranhas à Polícia Federal que realizam tarefas de servidores administrativos e de policiais.

MINISTRO – A situação da PF em Foz, vai na contramão das declarações do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Há poucos meses, ao falar sobre as fronteiras o ministro disse: “Vamos remodelar a operação Sentinela que daqui para frente terá caráter permanente, com a elevação de 100% do efetivo atualmente empregado pelo MJ”.

Para atender o compromisso do ministro, um efetivo de DOIS agentes federais foi deslocado para a Ponte da Amizade para ajudar no combate ao crime. “Realmente é um aumento significativo”, ironiza o diretor de Relações do Trabalho da Fenapef, Francisco Sabino.

Sabino esteve em Foz para acompanhar o seminário e ver de perto a situação enfrentada pelos policiais e pode comprovar a indignação estampada em cada rosto. “Além da falta de equipamento, não há valorização desses colegas por meio da implantação da indenização de fronteira”, diz o diretor.

E isso pode ser comprovado por outro grupo que trabalha dia e noite no enfrentamento à criminalidade: os policiais lotados no DEPOM. A unidade conta com 12 policiais responsáveis pelo patrulhamento, durante as 24 horas do dia, de mais de 200 km de rio. Se contados os braços que saem do Rio Paraná a área patrulhada chega a incríveis 900 km.

Mesmo diante de uma missão deste tamanho, sem armas adequadas e sem coletes balísticos, esses policiais fazem apreensão atrás de apreensão enfrentando bandidos que não pensam duas vezes antes de atirar contra quem quer que esteja à sua frente.

Na última semana, um escrivão da PF teve traumatismo craniano provavelmente atingido por um objeto arremessado contra ele durante uma operação contra contrabandistas.

Na oportunidade a representante do Sindicato dos Policiais Federais no Paraná em Foz, Bibiana Orsi, protestou contra a situação. “Ontem foi uma lesão no crânio de um colega lotado em Foz. Ano passado outro colega foi alvejado enquanto trabalhava na Ponte Internacional da Amizade. Perdemos colegas mortos a tiros no Estado do Amazonas. E o que mudou? Mudaram as matrículas dos colegas feridos, o descaso e abandono com as fronteiras continuam. A fronteira pede socorro!”, declarou Bibiana.

No aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu o quadro segue o mesmo roteiro: Faltam policiais, sobra trabalho. Para se ter uma ideia, em 2007 o aeroporto possuía 8 voos diários e uma média de 700 mil passageiros/ano. Em 2011 este número subiu para 28 voos diários e mais de R$ 1,6 milhão de passageiros por ano.

Para fiscalizar este sobe e desce de gente, o país que irá sediar a copa de 2014 e a olímpiada de 2016 mantem de plantão no aeroporto dois policiais federais. Estes dois federais têm que controlar a imigração, reprimir o tráfico, contrabando e atender as demandas dos cidadãos, tudo ao mesmo tempo. “Essa situação é absurda e mostra a maneira como a gestão do DPF trata a segurança do país”, diz Francisco Sabino.

O diretor de Seguridade Social,  Naziazeno Florentino dos Santos Junior, alerta para a necessidade de fortalecimento da Polícia Federal em Foz do Iguaçu e nas demais fronteiras do país. "Precisamos de equipamentos, efetivo e sobretudo, valorização dos policiais lotados nestas regiões"

A Federação deve encaminhar nos próximos dias um relatório para a Câmara dos Deputados com um raio x da situação da PF em Foz do Iguaçu. Uma cópia deste documento será encaminhada para o vice-presidente da República, Michel Temer.

Fonte: Agência Fenapef

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