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Paraná Postado 20111117 por SINPEFRN às 00:00

Hora de ''pacificar'' a barranca do rio

Do alto da Ponte da Amizade, na margem brasileira ou na margem paraguaia, é possível visualizá-los. Estimativas da Polícia Federal (PF) dão conta de que, em trecho de pouco mais de 10 quilômetros de rio Paraná, existem mais de 100 pontos clandestinos de travessia fluvial na fronteira entre Brasil e Paraguai.

Por tais pontos, passa de tudo: de inocentes brinquedos de fabricação chinesa, que lotam bancas de camelódromos Brasil afora; a drogas, armas e munições, que abastecem grandes quadrilhas e contribuem para disparar os índices de criminalidade em território nacional.

Apesar de relativamente pequeno, o trecho é impatrulhável em sua totalidade, segundo a PF, que embasa sua justificativa na reduzida disponibilidade de agentes e equipamentos e na complexa rede de "olheiros" montada por contrabandistas e traficantes.

Favelas famosas na região fronteiriça, como a do Jardim Jupira e a do Bambu, são pontos de referência na imensidão da barranca do rio Paraná.

No restante do trecho, áreas desocupadas, verdadeiras "terras de ninguém". Foz do Iguaçu, não se sabe por quais motivos, cresceu de costas para os rios que a margeiam.

Há tempos debate-se, na Terra das Cataratas, a utilização do potencial paisagístico e turístico das margens dos rios Paraná e Iguaçu, para a construção de parques, mirantes e pontos de lazer diurno e noturno.

Uma das iniciativas mais famosas no intuito de "ocupar" a barranca do rio Paraná foi a construção da Avenida Beira-Rio, no final da década de 1990. Entretanto, por falta de fundos (ou de interesse), a avenida não chegou ao traçado final, e, como nada mais foi feito, tornou-se apenas uma espécie de fantasma.

Drama similar vive a paraguaia Ciudad del Este, onde "interesses maiores", tocados por políticos com envolvimento direto ou indireto no milionário negócio dos portos clandestinos, impedem que a criação de uma avenida costanera urbanize as atuais favelas e auxilie na redução dos graves problemas de tráfego.

O bom exemplo vem do lado argentino da fronteira. Em Puerto Iguazú, cidade que abriga a metade argentina das Cataratas do Iguaçu, a beira-rio local foi transformada, recentemente, em um complexo com espaços de lazer e praças intensamente iluminadas, tornando-se um dos grandes atrativos locais.

Voltando a Foz do Iguaçu, o término da Avenida Beira-Rio, a criação de parques e a concessão de incentivos para a instalação de restaurantes e casas noturnas na área do rio Paraná, são temas há tempos debatidos e reivindicados pela população iguaçuense.

José Alberto de Freitas Iegas, ex-delegado da PF em Foz do Iguaçu e atual superintendente da corporação no estado do Paraná, era um dos defensores da ideia. No entender de Iegas, a urbanização da área hoje deixada ao léu, obrigaria, automaticamente, a criminalidade a migrar para outros pontos.

Na semana passada, autoridades estaduais e federais, reunidas na região fronteiriça, deram apoio a tal plano. O que falta para que ele possa sair do papel? Verbas? Vontade política? Eliminação de interesses escusos? Continuaremos, pois, com os olhos atentos no andar da carruagem.

Fonte: Paraná Online

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